Desci às "catacumbas" onde guardo o espólio da minha infância, remexendo nos livros, trouxe para a luz do dia, mais uma "obra de arte" que foi utilizada na Escola Primária primeiro pelo meu irmão, José Manuel, depois pela minha irmã, Maria Luisa, e finalmente por mim que sou o "candengue" da familia.
Pois! pois! admirem-se, nessa época os livros escolares passavam dos irmãos mais velhos para os mais novos, (os mais "usados" como eu e outros sabem do que estou a falar...).
Esta autêntica "obra de arte" é digna de figurar em um qualquer museu onde se queira dar a conhecer às novas gerações, a história da Educação no periodo do "Estado-Novo".
Aqui transcrevo parte desta maravilha...
A Pátria
Menino, sabes o que é a Pátria?
A Pátria é a terra em que nascemos, a terra em que nasceram os nossos pais e muitas gerações de portugueses como nós.
É nossa Pátria todo o território sagrado que D. Afonso Henriques começou a talhar para a Nação Portuguesa, que tantos heróis defenderam com o seu sangue ou alargaram com sacrifício de suas vidas. É a terra em que viveram e agora repousam esses heróis, a par dos santos e de sábios, de escritores e de artistas geniais. A Pátria é a mãe de nós todos - os que já se foram, os que vivemos e os que depois de nós hão-de vir.
Na Pátria está, meu menino, a casa em que vieste à luz do dia, o regaço materno que tanta vez te embalou, a aldeia ou a cidade em que tu cresceste, a escola onde melhor te ensinam a conhecê-la e a amá-la, e a familia e as pessoas que te rodeiam.
Na Pátria estão os campos de ricas searas, os prados verdejantes, os bosques sombreados, as vinhas de cachos negros ou cor de ouro, os montes com as suas capelinhas brancas votivas.
A Pátria é o solo abençoado de todo o Portugal, com as suas ilhas do Atlântico (Açores e Madeira, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe...), as nossas terras dos dois lados de África, a Índia, Macau, a longinqua Timor.
Para cá e para além dos mares, é nossa Pátria bendita todo o território em que, à sombra da nossa bandeira, se diz na formosa lingua portuguesa a doce palavra Mãe !...
A Felicidade pelo Estudo.
Desde pequenina, a Maria da Fátima gostava de ter os vestidos arrumados e limpos.
De vez em quando, lá deixava algum brinquedo fora do seu lugar, mas bastava uma pequena advertência da mãe para pôr tudo como devia.
Na escola, desde a primeira classe que tem merecido a simpatia da sua professora pela pontualidade com que todos os dias comparece, pela prontidão com que faz os exercícios, pela boa vontade com que escuta os seus conselhos e pelo arranjo e asseio dos livros e dos cadernos.
Não é muito inteligente, mas é das que mais sabem.
E o seu amor ao estudo tem-lhe conquistado a amizade e o respeito das condiscípulas.
Os pais julgam-se felizes por terem uma filha assim.
Que prazer que eles não terão quando ela fizer exame da terceira classe!...
3 comentários:
bom dia
que "lindo" livro que tu tens...
beijinhos
Obrigado, Amiga!
um dia destes ofereço-o para uma biblioteca.
bjks.
Olha a minha letra quando tinha... Talvez 8 anos. Naquele tempo era assim o ensino os livros davam de uns para os outros. Reparas-te no preço dele. Mesmo assim era preciso ter dinheiro para ter os filhos a estudar. 18$00 (dezoito escudos por um livro) Imagina o escarceu que hoje alguns senhores fariam por ter de pagar um livro da terceira classe ao preço do antigamente convertido no actualmente. Felizmente os nossos Pais nunca fizeram escarceu para o preço dos livros fossem eles escolares ou outros pois sempre nos disseram que livro era cultura e essa não tinha valor. Hoje infelizmente a maioria da populaça pensa de maneira diferente, ao carro não se olha preço, livro é sempre caro. São os tempos de um País onde mais de metade da Populaçao vive acima da média e do que ganha e depois são os outros que os têm de sustentar (pagando os juros altssimos para compensar o celebre credito mal parado).
Teu irmao
Ze Manel (cobrabtt)
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