domingo, 26 de fevereiro de 2012

Palavras Intemporais - Excerto de entrevista a Zeca Afonso - 1984



Esta entrevista foi dada por Zeca Afonso em 1984. A actualidade das suas palavras é incrivel...

El Viejo Comunista - Manuel García



para meus pais... emocionante :)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Vejam Bem - Zeca Afonso




Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem se põe a pensar
quando um homem se põe a pensar
Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
dorme à noite ao relento no mar

E se houver
uma praça de gente madura
e uma estátua
e uma estátua de de febre a arder

Anda alguém
pela noite de breu à procura
e não há quem lhe queira valer
e não há quem lhe queira valer

Vejam bem
daquele homem a fraca figura
desbravando os caminhos do pão
desbravando os caminhos do pão

E se houver
uma praça de gente madura
ninguém vem levantá-lo do chão
ninguém vem levantá-lo do chão

Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem
quando um homem se põe a pensar

Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
dorme à noite ao relento no mar


Zeca Afonso - Vejam Bem - Cantares de Andarilho (1968)

O Que Faz Falta - Zeca Afonso

Geração à Rasca"

Onde param os da "geração à rasca" que tanto barulho fizeram contra o anterior governo??? Agora que já vamos no PEC 5, PEC 6, PEC 7 e PEC sei lá mais o quê, nada dizem, nem protestam!
Pudera, a grande maioria eram "filhotes" da social democracia e da direita fascista que arrasta Portugal para um retrocesso social.
AGORA É QUE VOS QUERIA VER NA RUA...
Tenham coragem pá!
"Meninos" o país continua À RASCA, rectifico, o país está na banca rota mas voçês agora nada fazem, nem se manifestam.
Eu ví logo que não passavam de um movimento sem consistência, joguetes nas mãos da direita e do "lobby" da comunicação social que tudo fez para deitar abaixo o anterior governo, que diga-se a bem da verdade era muito mau. Mas este é muito, muito pior e vós continuais calados, meteram o "colhão na virilha", e agora espraiam-se nas esplanadas entre copos e noitadas.
TOMAR PARTIDO É PRECISO, TENHAM CORAGEM E SEJAM COERENTES COM AS VOSSAS ATITUDES.
A LUTA CONTINUA ! 

Paz Poeta e Pombas - Zeca Afonso



Zeca, Sempre !

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Jardim de Poetas



Falei-te
Sem querer de coisas belas
Como quem abre janelas
P'ra lá do horizonte...

E tu
Sem saber, lá tricotavas
Um romance de palavras
Sem certezas nem futuro

E tu
Sonhavas no areal
Com um jardim de poetas
Superiores e verticais
Que, em rigor, nunca existiu

E tu
Como se fosse há vinte anos
Subiste ao alto das rochas
Lá, onde pousam as gaivotas
Subiste ao alto das dunas
Onde o vento te possuiu

Cresceu-te no peito um mar de prata
Como se eu fosse alguma vez exemplo
Como se eu fosse, acaso, alguma vez na vida
A perfeição

Mas quando te contei coisas de mim
Daquelas coisas grandes, cá de dentro
Caíste em ti do sonho e do jardim
E fiz-te então, amiga, esta canção

[instrumental / vocalizos]

E tu
Inda sonhas no areal
Com um jardim de poetas
Superiores e verticais
Que, em rigor, nunca existiu


Poema e música: Pedro Barroso
Intérprete: Pedro Barroso* (in CD "Crónicas da Violentíssima Ternura", Lusogram, 2001)

A Sociedade

Na sociedade dos ricos,
Forçado pela vaidade,
Há quem faz do cu três bicos
P'ra entrar na sociedade.

Mas que inteligência rara!
E julgas-te uma competência!
Nem sei como tens cara
P'ra ter tanta inteligência!

Doutores nobres e ricos,
Homens de grandes valores!...
As criadas – aos penicos,
Também lhes chamam "doutores"!

Uma mosca sem valor
Poisa, c’o a mesma alegria,
Na careca de um doutor
Como em qualquer porcaria.

A rica tem nome fino,
A pobre tem nome grosso;
A rica teve um menino,
A pobre pariu um moço!

Riem-se d'outras com desdém
Certas damas bem vestidas;
Quantas, para vestir bem,
Se despem às escondidas!

Quantos moços elegantes
Vestem com todo o esmero!...
No vestir são uns gigantes,
No saber não valem zero.

Fazem a mesma figura
Homens que vestem bons fatos;
Quando lhes cheira a gordura,
Caem também como os ratos.

Se o hábito faz o monge
E o mundo quer-se iludido,
Que dirá quem vê de longe
Um gatuno bem vestido?

A rica tem nome fino,
A pobre tem nome grosso;
A rica teve um menino,
A pobre pariu um moço!

Neste mundo, onde sobejam
Os homens de pouco siso,
Talvez os malucos sejam
Os que têm mais juízo.

É menos parvo, a meu ver,
O que o é, sem que se veja,
Do que aquele que, sem o ser,
Se faz parvo, sem que o seja.

Há tantos burros mandando
Em homens de inteligência,
Que às vezes fico pensando
Que a burrice é uma ciência!

Num mundo de imperfeições,
Aos tortos chamam direitos,
E aos poucos que são perfeitos
São tidos por aleijões...


Letra: António Aleixo (quadras avulsas extraídas de "Este Livro Que Vos Deixo", Lisboa: Vitalino Martins Aleixo, 1969)

domingo, 19 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O "piegas" é quem mais ordena !


Dia 11 de Fevereiro (sábado) é dia de dizermos, BASTA !
"piegas" é a  "pata que te pariu" -  Óh Passos !

Chula da Póvoa - José Afosnso



Em Janeiro bebo o vinho
Em Janeiro bebo o vinho
Em Fevereiro como o pão
Em Fevereiro como o pão

Nem que chovam picaretas
Nem que chovam picaretas
Hás-de cair, Rei-Milhão
Hás-de cair, Rei-Milhão

Adeus, cidade do Porto
Adeus, cidade do Porto
Adeus muros de Custóias
Adeus muros de Custóias

Cantando à chuva e ao vento
Cantando à chuva e ao vento
Andei a enganar as horas
Andei a enganar as horas

Tenho mais de mil amigos
Tenho mais de mil amigos
Aqui não me sinto só
Aqui não me sinto só

Cantarei ao desafio
Cantarei ao desafio
Ninguém tenha de mim dó
Ninguém tenha de mim dó

Ó meu Portugal formoso
Ó meu Portugal formoso
Berço de latifundiários
Berço de latifundiários

Onde um primeiro ministro
Onde um primeiro ministro
Já manda à merda os operários
Já manda à merda os operários

Já hoje muito maroto
Já hoje muito maroto
Se diz revolucionário
Se diz revolucionário

E faz da bolsa do povo
E faz da bolsa do povo
Cofre-forte do bancário
Cofre-forte do bancário

Camaradas lá do Norte
Camaradas lá do Norte
Venham ao Sul passear
Venham ao Sul passear

Cá nas nossas cooperativas
Cá nas nossas cooperativas
Há sempre mais um lugar
Há sempre mais um lugar


Letra e Música: José Afonso e Miraldina (da Cooperativa de Santa Sofia)
Álbum: Com As Minhas Tamanquinhas (1976)

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Erguem-se Muros - Adriano Correia de Oliveira




Erguem-se muros em volta
do corpo quando nos damos
amor semeia a revolta
que nesse instante calamos

Semeia a revolta e o dia
cobrir-se-á de navios (bis)
há que fazer-nos ao mar
antes que sequem os rios

Secos os rios a noite
tem os caminhos fechados (bis)
Há que fazer-nos ao mar
ou ficaremos cercados

Amor semeia a revolta
antes que sequem os rios...

Aniversário

Mais um ano banal.
O sistema apodrece
a luta avança
a repressão endurece.

Não chega pois
apenas sentir a raiva
é necessário interromper os dias
bloquear as ruas.
interrogar os que passam para os empregos
para as fábricas para os campos
sobre a renda de casa e o trabalho
as contas a pagar na mercearia.
Interrogar as pessoas sobre a familia
o amor a tristeza e alegria.
Convocar por fim um debate
onde sejam tomadas decisões por maioria.


Fernando Augusto Pacheco, em "Canção Obreira"-1975

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Manifestação 11-02-2012


Se houvesse uma razão que justificasse este "post", uma só que fosse, seria já por si só suficiente. A verdade é que além dessa razão primeira, existem outras tantas que me fazem escrever estas linhas.
A nossa "arma" é a nossa união, a força da nossa voz, a capacidade de nos manifestarmos nas ruas do nosso país, protestando contra estas politicas de desastre social,
Todas as evoluções sociais só se fizeram com a luta dos povos, desde o fim da escravatura á redução do numero de horas de trabalho; desde o direito a um contrato escrito, até ao direito ao descanso (férias); tudo foi conquistado árduamente através de  lutas laborais/sindicais.
Nada foi dado aos trabalhadores de mão beijada !
E o dito "poder" só teme o povo quando percebe que ele está unido. Quando ganharmos a consciência que o poder somos nós povo, e que, nas nossas mãos está a possibilidade de fazermos de Portugal um país mais justo para todos, então teremos ganho a primeira de muitas batalhas. Isto porque, os que directa ou indirectamente beneficiam destas politicas, não vão fácilmente "abrir mão" das benesses e cunhas que eles e seus familiares usufruem, e que ao longo dos ultimos anos tornaram Portugal num terreno fértil em corrupções e vigarices.
O resultado final de tudo isto, mais as politicas erradas levadas a cabo por sucessivos governos desde 1977 fizeram o resto e lentamente foram destruiram todo o aparelho produtivo nacional. O caricato, mas que não tem nada de caricato, é que agora dizem-nos que a culpa é dos trabalhadores, que ganham muito !!! e que tem férias e feriados a mais !!!
De que serve (sobre)viver, educado, curvado, submisso, se diariamente somos espoliados dos nossos direitos laborais ?
Quando os militares fizeram o 25 de Abril, como é que ele vingou ?
- Com a participação popular !
Foi com a participação popular, que a Revolução de Abril vingou.
É disso que estou a falar, "participação popular".
A nossa força, será a nossa união, a união de todos os trabalhadores, desempregados, reformados, de todos os que se sentem injustiçados, traídos, por estas politicas de desgraça social.
Por tudo isso, VENHAM PARA A RUA, PARTICIPEM ! 

"Quem luta nem sempre ganha, mas quem não luta perde sempre"
     

A vida resume-se em 4 garrafas...