sexta-feira, 29 de julho de 2011

Os Eunucos - Zeca Afonso



Os eunucos devoram-se a si mesmos
Não mudam de uniforme, são venais
E quando os mais são feitos em torresmos
Defendem os tiranos contra os país

Em tudo são verdugos mais ou menos
No jardim dos harens os principais
E quando os mais são feitos em torresmos
Não matam os tiranos pedem mais

Suportam toda a dor na calmaria
Da olímpia visão dos samurais
Havia um dona a mais na satrapia
Mas foi lançado à cova dos chacais

Em vénias malabares à luz do dia
lambuzam da saliva os maiorais
E quando os mais são feitos em fatias
Não matam os tiranos pedem mais
 

A Marosca



Enquanto a malta vai "a banhos" e goza o merecido descanso após um ano de trabalho, o governo mais o grande patronato a cobro da tão falada "Troika" quer reduzir as indemnizações pagas aos trabalhadores em caso de despedimento.
Alguns especialistas defendem que não faz sentido alterar as regras das indemnizações pois "isso não vai resolver nenhum problema"
Lembram também que "os níveis de protecção social estão a baixar consideravelmente" e por isso o trabalhador ao ser despedido com uma indemnização menor ficará ainda menos protegido no emprego.
Hoje um dos "ilustres comentadeiros" da nossa praça defendeu que com esta medida Portugal vai criar mais postos de trabalho!!! - pois segundo este "iluminado" a nossa legislação laboral demasiado protectora dos direitos dos trabalhadores impede que as empresas estrangeiras apostem em força no nosso mercado. Por outro lado segundo ele Portugal tem de nivelar as leis laborais pelos outros parceiros da UE, e aqui é que a porca torce o rabo.
Porque não começar por nivelar o nosso salário mínimo nacional pelo dos outros parceiros europeus?
Esta medida só tem uma finalidade: Facilitar os despedimentos, tornando-os mais baratos.
Mais nada !   

domingo, 24 de julho de 2011

P.N.P.Gêres (Parque Nacional Peneda Gêres) - Os fogos

O ano passado o fogo andou pelo P.N.P.Gêres, e durante vários dias semeou entre as populações locais o pânico e a destruição. Durante esse tempo todo os habitantes locais assistiram impotentes ao lavrar das chamas que tudo levaram há frente.
Apesar de todos os esforços e de todas as horas de luta contra um "inimigo" implacável, o rescaldo final foi catastrófico. Felizmente uma parte importante do P.N.P.Gêres continua intocável, mas os prejuízos resultantes dos fogos do ano passado estão há vista de todos, e a Natureza vai demorar muitos anos a repor tudo o que foi perdido.
Durante esse período em que os incêndios assolaram o P.N.P.Gêres escrevi estas linhas que agora passo a transcrever.
O meu desejo é que estas imagens de destruição não se repitam NUNCA MAIS.

Labaredas

No alto de uma montanha
Fumos elevam-se no ar
Aves, esvoaçam apavoradas
Bichos, fogem sem parar.
As árvores iluminadas
Sobressaem na escuridão
Imóveis, estão condenadas
Serão testemunhos da destruição.
Olho as imagens revoltado
Como pôde isto acontecer
O nosso Gêres foi queimado
Parte de nós acabou de morrer.
Caminho sobre chão queimado
Do verde, resta a saudade
Toda a beleza é passado
O que parecia improvável, é verdade.
E, num grito de revolta
Numa lágrima de emoção 
Um enorme silêncio há minha volta
Esmaga o meu coração.
Sobre meus pés calçados
Um manto de terra queimada
Tanta paisagem destruída
Tanta árvore calcinada.

Henrique Mário Soares

 

sábado, 23 de julho de 2011

domingo, 17 de julho de 2011

Mata de Albergaria - P.N.P.Gêres (Parque Nacional da Peneda Gêres)

A primeira vez que visitei o P.N.P.Gêres foi no ano de 1971.
Nessa época os meus pais eram sócios da A.F.C. (Académico Futebol Clube) no Porto, e foram convidados para participar no Acampamento de Montanha que se realizou junto há Casa Abrigo do A.F.C. (Académico Futebol Clube) que existia na Mata de Albergaria, e que ainda hoje está lá, mas infelizmente em ruínas, além desta também todas as antigas casas dos guardas florestais.
Desde esse primeiro momento, (e eu era ainda criança), fiquei logo encantado com este magnifico local  que adorei, e que fez com que nascesse em mim um amor incondicional por todo o P.N.P.Gêres.
Durante mais anos passei férias neste local na companhia de meus pais e irmãos e  tive a felicidade de conhecer grande parte do P.N.P.Gêres - (Soajo, Mezio, Cabril, Lindoso, Lamas de Mouro, Castro Laboreiro, etc, etc), tudo isto numa época em que a grande maioria das estradas não tinham a qualidade que hoje apresentam , e onde os trilhos eram percorridos com recurso a "companheiros" experimentados nestas andanças do montanhismo/pedestrianismo, que conheciam todos os locais  magníficos e suas lagoas.
Nos inicios dos anos 70 o P.N.P.Gêres era visitado por um numero restrito de pessoas, e o movimento campista tinha ainda poucos praticantes, as casas dos guardas florestais estavam habitadas, e não existia a tão falada "portagem" na Mata de Albergaria.
Mas, a meu ver, e pelo que vou assistindo ao longo de todos estes anos que visito o P.N.P.Gêres se calhar esta medida é um mal necessário, pois, nas muitas vezes que fiz o trilho da Geira Romana, trilho esse que atravessa a referida mata, já encontrei todo o tipo de lixo, desde garrafas de plástico, latas de refrigerantes, pacotes de bolachas vazios, e todo o tipo de coisas deixadas na mata por mão humana.
Este local, pela sua beleza e por todo o seu valor ambiental, onde ainda vivem especies unicas de plantas e animais, e que não se encontram em mais nenhum lugar do mundo, tem que ser forçosamente preservado, não só este, mas todo o magnifico P.N.P.Gêres  e devemos todos ser cuidadosos para que não assistamos a imagens iguais ás que vimos o ano passado.
Grande parte da mata da Serra do Gêres e da Serra da Peneda foi devorada pelo fogo. Mas, proibir (taxar...) talvez por si só não chegue, pois um parque deserto está mais sujeito a acções de vandalismo. A meu ver, o mais importante é sensibilizar as pessoas para as questões da preservação deste magnifico local que é único na Europa, esse trabalho deveria ser feito através da distribuição de informação junto dos principais acessos ao P.N.P.Gêres.
Em vez disso o que vemos? Um completo abandono de grande parte do P.N.P.Gêres, e um único interesse, o de preservar a Mata de Albergaria, taxando a 1,50€ todos os carros que atravessam esta zona sensivel, com a proibição de parar durante todo o trajecto, mas, a verdade, é que não é a primiera vez que vejo neste local carros parados.
Seria bom que o dinheiro pago por todos nós fosse canalizado para a Recuperação, Manutenção e Preservação de todo o P.N.P.Gêres, mas quando vemos trocarem as tradicionais placas de informação (feitas de madeira) por placas de acrílico está tudo dito. Será que manter as placas tradicionais do P.N.P.Gêres (feitas de madeira) é mais caro  que as feitas em acrílico?!?
Eu acho que não. Estamos é uma vez mais na presença de uma manifesta falta de bom gosto, até porque, este tipo de placa (a de madeira.) é das imagens de marca do P.N.P.Gêres, e se não fosse por mais nada, só por este argumento deveria ser mantida.
Recentemente fiz com a minha esposa o trilho de Fafião até ás Cascatas de Tahiti, e chegados ao local encontramos garrafas de cerveja abandonadas além de outro tipo de lixo.
Sinto sempre uma grande revolta quando sou confrontado com isto e uma das minhas preocupações quando caminho pelo P.N.P.Gêres (entre outras...) é levar comigo um saco vazio, e ir recolhendo todo o tipo de lixo que for encontrando, para depois o trazer de volta comigo e o depositar nos locais apropriados.
Nestes meses que temos pela frente (Julho, Agosto e Setembro) o P.N.P.Gêres é sujeito a todo o tipo de actos de descuido por parte de alguns, mas o meu desejo, é que todos saibam respeitar o local maravilhoso que visitam, e que proporciona a todos nós momentos inesqueciveis de prazer.
O P.N.P.Gêres e todos nós que amamos a Natureza agradecemos.
P.S. Nas fotos acima pode-se ver parte do trilho da "Geira Romana", as ruínas das antigas casas dos Guardas-Florestais, as ruínas da Casa Abrigo do Académico e parte da zona onde os sócios e amigos companheiros acampavam e também parte do Rio Homem onde a malta campista tomava banho.
  

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A Crise Portuguesa




Esta reflexão foi escrita por um estrangeiro, mais concretamente por "Jaques Amaury" e chegou-me há caixa de correio através da gentileza de um amigo de infância.
É por demais caricato que tenha de ser "um estrangeiro" a colocar o "dedo na ferida" e a apontar os defeitos de uma sociedade e da grande maioria da sua comunicação social que vendida a "lobbys" e subjugada ao poder e interesses de uma minoria que tudo controla e tudo vígia, tende a ser cada vez mais afunilada, e que é incapaz de ser plural como devia ser.
As TVs, Rádios e Jormais deste país são na sua maioria controladas por grupos económicos e pelo grande capital, que para se perpetuar no poder e para manter os "tachos" e o "bon vivant" de uma minoria tudo faz.
A informação é controlada e o mais importante é "intoxicar" a população com noticias irrelevantes e  sem conteudo jornalistico, pois jornalista que ouse afrontar o sistema instituido tem por certo guia de marcha para o desemprego.
Não é por acaso que nos noticiários em horário nobre e em todas as formas de informação (escrita) "falam" sempre os mesmos, e que para se escutar vozes dissonantes tenha que se procurar outos canais de informação não afecto aos "lobbys" instalados.
Afinal a cassete que era de uns, passou para outros, que, temerosos de perder as suas mordomias, "vomitam" ideias repetitivas e negam a realidade que está há vista de todos aqueles Portugueses que sendo esclarecidos conseguem não se deixar "intoxicar" por este gentalha que deve às conquista de Abril o acto de poder opinar.
Por tudo isto tomo a liberdade de transcrever este texto, que acho deveria ter sido divulgado para esclarecimento de todos nós.

"Portugal atravessa um dos momentos mais difíceis da sua história que terá de resolver com urgência, sob o perigo de deflagrar crescentes tensões e consequentes convulsões sociais.
Importa em primeiro lugar averiguar as causas. Devem-se sobretudo à má aplicação dos dinheiros emprestados pela CE (Comunidade Europeia)  para o esforço de adesão e adaptação às exigências da União.
Foi o país onde mais a CE investiu "per capita" e o que menos proveito retirou. Não se actualizou, não melhorou as classes laborais, regrediu na qualidade da educação, vendeu ou privatizou a esmo actividades promordiais e património que poderiam hoje ser um sustentáculo.
Os dinheiros foram encaminhados para auto estradas, estádios de futebol, constituição de centenas de instituições publico-privadas, fundações e institutos, de duvidosa utilidade, auxilios financeiros a empresas que os reverteram em seu exclusivo benefício, pagamento a agricultores para deixarem os campos e aos pescadores para venderem as embarcações, apoios estrategicamente endereçados a elementos ou a próximos deles, nos principais partidos, elevados vencimentos nas classes superiores da administração publica, o tácito desinteresse da justiça, frente à corrupção galopante e um desinteresse quase total das Finanças no que respeita à cobrança na riqueza, na Banca, na especulação, nos grandes negócios, desenvolvendo, em contrário, uma atenção especialmente persecutória junto dos pequenos comerciantes e população mais pobre.
A politica Lusa é um campo escorregadio onde os mais hábeis e corajosos penetram, já que os partidos cada vez mais desacreditados, funcionam essencialmente como agências de emprego que admitem os mais corruptos e incapazes, permitindo que com as alterações governativas permaneçam, transformando-se num enorme peso bruto e parasitário. Assim, a monstruosa Função Publica, ao lado da classe dos professores, assessoradas por sindicatos agueridos, de umas Forças Armadas dispendiosas e caducas, tornaram-se não uma solução, mas um factor de peso nos problemas do país.
Não existe partido de centro já que as diferenças são apenas de retórica, entre PS (Partido Socialista) que esteve no governo e o PSD (Partido Social Democrata) de direita, agora mais conservador ainda, com a inclusão de um novo lider, que tem um suporte estratégico no PR (Presidente da Républica) e no tecido empresarial abastado.
Mais à direita, o CDS (Partido Popular), com uma ctividade assinalável, mas com telhados de vidro e linguagem publica, diametralmente oposta ao que os seus princípios recomendam e praticarão na primeira oportunidade.
À esquerda, o BE (Bloco de Esquerda), com tantos adeptos como o anterior, mas igualmente com uma linguagem difícil de se encaixar nas recomendações do governo, que manifesta um horror atávico à esquerda, tal como a população em geral, laboriosamente formatada para o mesmo receio.
Mais à esquerda, o PC (Partido Comunista) vilipendiado pela comunicação social, que o coloca sempre como um perigo latente e uma extensão inspirada na União Soviética, oportunamente extinta, e portanto longe das realidades actuais.
Assim, não se encontrando forças capazes de alterar o status, parece que a democracia pré-fabricada não encontra novos instrumentos. Contudo na génese deste beco sem saída, está a impreparação, ou melhor, a ignorãncia de uma população deixada ao abandono, nesse fulcral e determinante aspecto. Mal preparada nos bancos das escolas, no secundário e nas faculdades, não tem capacidade de decisão, a não ser a que lhe é oferecida pelos orgãos de comunicação. Ora e aqui está o grande problema deste pequeno país; as TVs as Rádios e os Jornais, são na sua totalidade, pertença de privados ligados à alta finança, à industria e comércio, à banca e com infiltrações accionistas de vários países.
Ora, é bem de ver que com este caldo, não se pode cozinhar uma alimentação saudável, mas apenas os pratos que o "chefe" recomenda. Daí a estagnação que tem sido cómoda para a crescente distância entre ricos e pobres.
A RTP, a estação que agora engloba a Rádio e TV oficiais, está dominada por elementos dos dois partidos principais, com notório assento dos sociais-democratas, especialistas em silenciar posições esclarecedoras e calar quem levanta o mínimo problema ou dúvida. A selecção dos gestores, dos directores e dos principais jornalistas é feita exclusivamente por via partidária. Os jovens jornalistas, são condicionados pelos problemas já descrito e ainda pelos contratos a prazo determinantes para o posto de trabalho enquanto, o afastamento dos jornalistas seniores, a quem é mais difícil formatar o processo a pôr em prática, está a chegar ao fim. A deserção destes, foi notória.
Não há um unico meio ao alcance das pessoas mais esclarecidas e por isso, "non gratas" pelo establishment, onde possam dar luz a novas ideias e á realidade do seu país, envolto no conveniente manto diáfono que apenas deixa ver os vendedores de ideias já feitas e as cenas recomendáveis para a manutenção da sensação de Liberdade e da prática da apregoada democracia.
Só uma comunicação não vendida e não alienante, pode ajudar a população, a fugir da banca, o cancro endémico de que padece, a exigir uma justiça mais célere e justa, umas finanças atentas e cumpridoras, enfim, a ganhar consciência e lucidez sobre os seus desígnios"

Jaques Amaury
Sociólogo e Filosofo Francês
Professor na Universidade de Estrasburgo          
         

terça-feira, 5 de julho de 2011

Reflexão




Face ás imposições externas da "Troika", mais as imposições internas que este governo já começou a divulgar, e que como todos nós sabemos não vão ser suportadas por "todos" é altura de relembrar "Cadernos de Lanzarote"

...« Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos»

José Saramago - Cadernos de Lanzarote - Diário III - pag. 148

domingo, 3 de julho de 2011

O País vai de Carrinho - José Afonso



   



Canção da Paciência - JP Simões & Norberto Lobo

Um Murro na Boca do Estômago




Depois do resultado das eleições, e após a tomada de posse do novo governo, eis que uma das primeiras medidas é a criação de mais um imposto extraordinário equivalente a 50% do subsidio de natal, acima do salário mínimo nacional.
Encaixo em cheio, (e como eu, muitos milhares de portugueses...) e refaço-me deste golpe "traiçoeiro" que não estava há espera. Abano, mas não vou ao "tapete", e podem os habitues "comentadeiros" das  TVs dizer que "todos" temos de aguentar mais este sacrifício a bem da nação e que devemos manter-nos "calmos" sem contestações, nem manifestações, que uma coisa é certa, um golpe "traiçoeiro" destes só merece de todos nós Portugueses uma resposta enérgica.
Até porque, todos nós sabemos que a crise Portuguesa não será paga por todos.  
 É caso para dizer: "depois de mim virá, quem de bom mim fará".