quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O Vaso

Vi como retiraste do vaso a terra,
e da terra as raízes da planta desconhecida.
Depois, com a tesoura de ferro,
cortaste o caule no ponto
certo. Em seguida, renovaste
a terra no vaso,
enterraste nela de novo a planta
que ressurgiu, surdamente,
na manhã de primavera
que sempre finda.
Agora, desvia um pouco o olhar,
repara em mim agora: vês as raízes,
o caule dobrado, a flor, o nome ?
Por que não me cortas os braços, as mãos,
os pés, o tronco, e espalhas tudo
aos bocados pela terra ?
Só preciso de um pouco de água:
em todos os lugares crescerei para ti.


Luís Filipe Parrado
in: Resumo a poesia em 2012

2 comentários:

nêspera disse...

"Só preciso de um pouco de água:
em todos os lugares crescerei para ti.”

Lindo!

Bjis :)

Henrique Mário Soares disse...

é lindo, mesmo. e as leituras continuam. beijos.