sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
Podia Ser Natal - ANTÓNIO MANUEL RIBEIRO & MIGUEL ÂNGELO
Podia haver uma luz em cada mesa
E uma família em cada casa
Jesus em Dezembro, aqui na Terra
Podia ser Natal e não ser farsa.
A história certa é
Natal de porta aberta
A ceia servida é a vida
Do Criador
Podia ser notícia o fim da Amargura
Que divide os homens por trás dos canhões
A fome e a miséria servem a loucura
Que forja profetas e divide as nações.
A história certa é
Natal de porta aberta
A ceia servida é a vida
Do Criador
Podia ser verdade o tom e o discurso
Desse velho actor falando aos fiéis
Mas nada se passa na noite do mundo
Máscaras de dor, pequenos papéis
A história certa é
Natal de porta aberta
A ceia servida é a vida
Do Criador
A história certa é
Natal de porta aberta
Podia ser Natal...
Letra e música: António Manuel Ribeiro
Intérpretes: António Manuel Ribeiro e Miguel Ângelo (1995)
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
UHF na Casa da Musica do Porto - A Lágrima Caiu.
Para mim são a MELHOR banda Portuguesa, a banda que eu acompanho desde 1980. Um concerto fantástico, ou se quisermos uma reunião de "velhos" Amigos.
E no meio da multidão, A Lágrima Caiu...
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
Raio de Luz - GLÓRIA COSTA
Poderei dizer que "Raios de Luz" foi o que não faltou no sábado, principalmente depois do Sol se ter ido embora e começar a escurecer. Mas este "Raio de Luz" de que vou falar é bem mais intenso do que todas as lâmpadas que possam ter acendido pelas ruas da cidade do Porto no sábado ao fim da tarde. Rua abaixo, rua acima, fui parar ao "Mercadinho dos Clérigos" e lá tive o prazer de conhecer uma pessoa fantástica que tinha uma banca com exposição de artesanato.
A "Glória Costa" com a sua simplicidade, a sua força e o seu talento encantou-me. Foi gratificante a conversa que mantivemos durante largos minutos, e no final a "cereja no topo do bolo" e a descoberta que diante de mim estava uma pessoa extraordinária que faz fantásticas miniaturas de artesanato, pinta e escreve...POESIA.
Comprei-lhe um dos seus livros e tive direito a dedicatória com beijinho e autorização por parte da autora para publicar neste meu espaço um dos seu poemas.
Espero que gostem e que comprem o livro.
Sonhos Perdidos
Já gastamos tudo que havia, até as palavras sensatas fugiram.
Tudo que ficou, não chega
Só me resta um vazio, nada me aquece, só tenho frio.
Nas quatro paredes do meu quarto, ficou tudo menos o silêncio,
| que não tem fim.
Nem as lágrimas salgadas se pouparam,
nos olhos da dor sem fim.
As mãos perderam a força e o calor do abraço.
E se guardaram no bolso, que está tão vazio.
Bolso que estava tão cheio de força, para dar tudo de mim.
Tudo foi no tempo dos sonhos, onde tudo eram desejos sem fim.
Era o tempo em que o teu corpo era o universo
e os meus olhos brilhavam como estrelas só para ti.
Hoje são apenas olhos,
Que vêem pouco ou muito, no meio do nada.
Mas no silêncio se afogam, com a força que rompe com a aurora
| da manhã.
Glória Costa
Lugar da palavra editora
Natal no Porto
Seguindo conselho de Amiga, e para espairecer um pouco, no sábado passado fui gastar solas pelas ruas da minha cidade. O dia estava bonito e o friozinho na cara serviu de tónico para continuar a caminhada por entre a multidão.
E povo não faltava nas ruas, e eu, gosto tanto de andar no meio do povo carregados de sacos e todos sorridentes. Óh pra mim, de mãos nos bolsos a saborear o momento...
E já cheira a Natal ! - Feliz Natal para Todos...
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
Immunity - JON HOPKINS
Lágrimas
Já chorei de alegria
já chorei de tristeza
já chorei numa sala vazia
já chorei sobre uma mesa
já chorei por paixão
já chorei de dor
já chorei de solidão
já chorei por Amor
já chorei de raiva
de compaixão também
já chorei por mim
e por outros também,
lágrimas sem parar.
Já chorei por ser Amado
e por Amar também
chorei de noite,
de dias ás escondidas
lágrimas salgadas
curam feridas
...e outras não.
Já chorei no meio da multidão
e numa praça vazia
já chorei em plena escuridão
e á luz do dia
já chorei ao luar
e ao sol também,
já chorei por todos
e por mais alguém.
Já chorei por quem não esqueci
e por quem não vou esquecer
já chorei por ti.
Henrique Mário Soares
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
domingo, 8 de dezembro de 2013
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
terça-feira, 26 de novembro de 2013
sábado, 23 de novembro de 2013
Abraço
Em cada abraço,
deixo em ti um pedaço
... de mim.
em cada abraço,
dás em mim um laço.
em cada abraço,
deixas em mim alegria
e o momento que contigo passo,
é o mais feliz do dia.
em cada abraço,
gravas em mim a saudade
é um nó que não desfaço,
apertado com Amizade.
Em cada abraço,
tantos sentimentos partilhámos
o carinho, a alegria, as saudades
num abraço, tudo entrelaçámos
em cada abraço,
desperta em nós o desejo
e olhos nos olhos ficámos
tardando o beijo.
em cada abraço
tudo pode acontecer
e no aconchego de um abraço
podemos renascer.
Henrique Mário Soares
deixo em ti um pedaço
... de mim.
em cada abraço,
dás em mim um laço.
em cada abraço,
deixas em mim alegria
e o momento que contigo passo,
é o mais feliz do dia.
em cada abraço,
gravas em mim a saudade
é um nó que não desfaço,
apertado com Amizade.
Em cada abraço,
tantos sentimentos partilhámos
o carinho, a alegria, as saudades
num abraço, tudo entrelaçámos
em cada abraço,
desperta em nós o desejo
e olhos nos olhos ficámos
tardando o beijo.
em cada abraço
tudo pode acontecer
e no aconchego de um abraço
podemos renascer.
Henrique Mário Soares
domingo, 17 de novembro de 2013
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Dêem-me Espaço
Dêem-me espaço
eu quero, respirar
andar livremente pelas ruas
sem ninguém a dizer para parar
dêem-me espaço
eu quero, horas livres ter
para estar com quem desejar
e fazer o que me apetecer.
dêem-me espaço
eu quero, verdadeiramente ser eu
infringir todas as regras
ser julgado como um réu
dêem-me espaço
deixem-me livre ser
deitar tarde e a más horas
acordar quando me apetecer
dêem-me espaço
estou farto de ser mais um na molhada
nesta vida de faz de conta
que começa com tudo, e acaba sem nada (Amor)
dêem-me espaço
quero atrás da felicidade correr
colher pétala a pétala
bem-me-quer, mal-me-quer; mal-me-quer, bem-me-quer
dêem-me espaço
quero atrás do Amor correr
mesmo que vá ao engano
não me importa sofrer
dêem-me espaço
quero viver.
Henrique Soares
eu quero, respirar
andar livremente pelas ruas
sem ninguém a dizer para parar
dêem-me espaço
eu quero, horas livres ter
para estar com quem desejar
e fazer o que me apetecer.
dêem-me espaço
eu quero, verdadeiramente ser eu
infringir todas as regras
ser julgado como um réu
dêem-me espaço
deixem-me livre ser
deitar tarde e a más horas
acordar quando me apetecer
dêem-me espaço
estou farto de ser mais um na molhada
nesta vida de faz de conta
que começa com tudo, e acaba sem nada (Amor)
dêem-me espaço
quero atrás da felicidade correr
colher pétala a pétala
bem-me-quer, mal-me-quer; mal-me-quer, bem-me-quer
dêem-me espaço
quero atrás do Amor correr
mesmo que vá ao engano
não me importa sofrer
dêem-me espaço
quero viver.
Henrique Soares
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
domingo, 3 de novembro de 2013
Who Am I - LOU REED
Uma semana após o desaparecimento, Lou Reed de novo revisitado
Todos os cumes
Estão em silêncio.
No alto de todas as árvores
Apenas sentes
Um leve sopro;
- Os pássaros emudecem na floresta.
- Tem paciência, em breve
- Também tu dormirás.
Goethe
Milan Kundera - A Imortalidade
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
Gosto de ti calada - PABLO NERUDA
Gosto de ti calada porque estás como ausente
e me ouves de longe, e esta voz não te toca.
Parece que os teus olhos foram de ti voando
e parece que um beijo fechou a tua boca.
Como todas as coisas estão cheias da minha alma
tu emerges das coisas, cheia da alma minha.
Borboleta de sonho, pareces-te com a minha alma
e pareces-te com a palavra melancolia.
Gosto de ti calada e estás como distante.
E estás como queixando-te, borboleta em arrulho.
E ouves-me de longe, e a esta voz não te alcança:
Vais deixar que eu me cale com o silêncio teu.
Vais deixar que eu te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
Tu és igual à noite, calada e constelada.
O teu silêncio é de estrela, tão longínquo e tão simples.
Gosto de ti calada porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se houvesses morrido.
Uma palavra então, um teu sorriso bastam.
E estou alegre, alegre porque não é verdade.
Pablo Neruda
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
terça-feira, 29 de outubro de 2013
Operário em Construção - Vinicius de Moraes
Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo,
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
De facto, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.
Mas ele desconhecia
Esse facto extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
— Garrafa, prato, facão
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.
Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.
Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção,
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
— Exercer a profissão
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.
E um facto novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.
Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
— "Convençam-no" do contrário
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.
Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!
Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.
Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
— Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário
Que olhava e que reflectia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objectos
Produtos, manufacturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!
— Loucura! — gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
— Mentira! — disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.
E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fracturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo,
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
De facto, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.
Mas ele desconhecia
Esse facto extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
— Garrafa, prato, facão
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.
Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.
Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção,
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
— Exercer a profissão
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.
E um facto novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.
Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
— "Convençam-no" do contrário
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.
Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!
Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.
Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
— Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário
Que olhava e que reflectia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objectos
Produtos, manufacturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!
— Loucura! — gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
— Mentira! — disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.
E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fracturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.
Poema de Vinicius de Moraes (in jornal "Para Todos", fundado por Jorge Amado, 1956
Heroin - LOU REED
hoje danço sozinho
o corpo desgastado pelo tempo
rodopio sobre mim mesmo
e saboreio o momento
os anos sempre a passar
o corpo sempre a mudar
a juventude que já passou
a tua musica sempre me acompanhou
obrigado, Lou.
Henrique Soares
domingo, 27 de outubro de 2013
Pegadas no Porto (cidade)
Da outra margem do rio
olhas as casas coloridas
uma noite passada ao frio
a tentar sarar as feridas,
sorrisos que se foram
palavras que não voltam mais
só as casas envoltas na neblina
escutam as tuas pegadas no cais,
uma gaivota voa sobre a água
toda a cidade ainda a dormir
e tu, numa imensa mágoa
com vontade de sumir,
acendes um cigarro
mortalha de uma vida
tudo à tua volta é tão bizarro
e uma revolta incontida,
são pegadas incertas
que te arrastam pela rua
com a solidão às cavalitas
e a alma toda nua.
Henrique Soares
Romeo had Juliette - LOU REED
A primeira vez que o ouvi foi no inicio dos anos 80 numa festa na "discoteca Iodo" que ficava em Francelos (junto há praia). Lembro-me bem qual foi a musica que o DJ passou na altura "Take a Walk on the Wild Side" e desde então nunca mais deixei de ouvir a sua musica.
E hoje o céu ganhou mais uma estrela...
Obrigado, Lou !
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
Cantilena - Francisco Fanhais
I
Cortaram as asas
ao rouxinol !
Rouxinol sem asas
não pode voar.
II
Quebraram-te o bico,
rouxinol !
Rouxinol sem bico
não pode cantar.
III
Que ao menos a Noite
ninguém, rouxinol !
ta queira roubar.
Rouxinol sem Noite
não pode viver...
Sebastião da Gama
domingo, 20 de outubro de 2013
BTTSolitário - A Pedalar com companhia
Hoje de manhã bem cedo voltamos ao pedais e o passeio foi em direcção a Vila do Conde. O percurso já o conhecemos bem, mas desta vez íamos com a missão de marcar algumas setas do "Caminho de Santiago", que estavam ligeiramente apagadas na zona do Castro de Sampaio. O tempo até que nem estava mau apesar de ameaçar chuva, mas, só na volta apanhados alguns pingos. Este percurso que faço regularmente com o meu irmão mais velho é agradável e apresenta-se num misto de estrada e trilhos em terra, mas é a paisagem que torna esta passeio verdadeiramente agradável.
O pior mesmo foi o vento de sul que se fez sentir na volta, e que em mim fez mossa da grande, tanta, que um pouco antes da refinaria em Leça da Palmeira tive de abrandar o ritmo e seguir mais calmamente. O meu irmão lá foi sempre em boa pedalada, pois a hora para ele começava a ficar apertada. E como "Amigo não empata Amigo" lá nos separamos, seguindo eu mais calmamente pois as forças já não davam para mais.
É caso para dizer, "estou a ficar velho"
Manifestação Porto - 19-10-2013
Mais uma de entre tantas que tenho participado, desta vez com a alegria de encontrar amigas que lutam há tantos anos sem esmorecer. Mas a maior alegria foi ter a companhia do meu irmão mais velho há muito afastado destas andanças.
Nós não somos de desistir porque acreditamos que é possível uma politica diferente. Há momentos na história de um país que devemos dizer presente e "tomar partido" e porque dos fracos não reza a história aqui fica o meu abraço fraterno e solidário para todas as mulheres e homens que estiveram presentes em mais esta jornada de luta.
"quem luta nem sempre ganha, mas quem não luta perde sempre"
A LUTA VAI CONTINUAR !
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
Volta - LINDA MARTINI
Há tanto tempo que nada acontece
E o mar não cresce para me enrolar, na sua afronta
Há tanto tempo que nada apetece
Já não aquece, é sempre devagar
Tudo se desmonta
Eu vou na volta em ti, traz-me de volta a mim
Pão de centeio, boca morta e língua tonta
Pão de centeio, boca
Vou na volta em ti, traz-me de volta a mim
O fado agora quer ser samba, soltar a corpo, perna bamba
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
À Pesca no Mar - Por Praias Nunca Antes Visitadas
Sábado foi dia de mais uma tentativa para a captura do tão desejado robalo. Desta vez a viagem foi para sul em concreto para a praia da Aguda .
Tanta água, tanta água e de peixe nada. E desengane-se quem pensa que eu não percebo nada disto ou que não tenho jeito nem arte, a verdade é que ontem éramos uns quantos pela praia e nenhum apanhou peixe. Ao contrário do que muita gente pensa isto não é chegar à praia e já está, como costumo dizer a malta amiga "o mar não é a lota" aí sim, consegue-se sempre peixe, pagando claro!
Mas como "quem corre por gosto não cansa" e eu já levo mais de 15 anos de pesca desportiva não são estas "grades" que me farão desistir.
Enfim mais um dia bem passado, e eu gosto imenso da praia fora da época balnear.
Melhores dias virão e o peixe há-de aparecer.
terça-feira, 8 de outubro de 2013
domingo, 6 de outubro de 2013
BTTSolitário - A Pedalar com companhia (meu irmão)
E hoje voltámos novamente aos pedais, desta vez com o passeio a ser feito em direcção a Espinho. O dia estava excelente e um sol radioso fez-nos companhia durante todo o trajecto. Este percurso para ser sincero agrada-me pouco, acho-o até bastante perigoso devido ao numero de carros com que nos cruzamos na estrada. Pela parte que me toca prefiro o que vai até Vila do Conde seguindo o trilho dos "Caminhos de Santiago" junto à costa marítima. Uma parte dele é feito em trilhos de terra, e a paisagem é muito mais bonita. Este até Espinho tem como negativo o facto de apanharmos muita estrada, o que quer dizer trânsito, e num domingo como este com bom tempo e sol, significa muito trânsito. Felizmente a convivência entre ciclistas e automobilistas tem vindo a melhorar, mas, tanto de um lado (ciclistas) como do outro (automobilistas) muito há ainda a fazer para que o respeito mútuo impere na estrada e os sustos deixem de ser uma constante para quem anda de bicicleta.
Por hoje correu tudo muito bem. É com imensa alegria que faço estes passeios com o meu irmão mais velho, que mesmo indo a caminho dos sessenta continua numa excelente forma física de fazer inveja a muito jovem que por ai anda.
É caso para dizer, velhos? NÃO ! - estamos é um pouco gastos
Por hoje correu tudo muito bem. É com imensa alegria que faço estes passeios com o meu irmão mais velho, que mesmo indo a caminho dos sessenta continua numa excelente forma física de fazer inveja a muito jovem que por ai anda.
É caso para dizer, velhos? NÃO ! - estamos é um pouco gastos
Parar é morrer mano, e continuaremos a pedalar.
Subscrever:
Mensagens (Atom)