quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Censura

A propósito dos tristes episódios passados no "Carnaval de Torres Vedras" e na "Feira de Livros Usados de Braga", aqui fica a transcrição de uma parte do livro intitulado "Os Segredos da Censura" escrito em 1979, por Cêsar Principe e que nos retrata o que foi este perido negro da história do nosso Portugal. Pelos vistos temos actualmente pessoas que tem saudades deste tempo, em que muitos Portugueses tinham simplesmente medo de...pensar.

... Nenhum coronel ou doutor do SNI e da SEIT valorizou o património das Artes, das Letras, do Jornalismo, das Ciências, das Técnicas. Restou-lhes a "glória" de inimigos da criação estética, do espirito critico, do progresso do raciocínio e da acção, da coragem de dizermos o que somos e o que desejamos como cidadãos e como povo. Foram 48 anos a olhar para o lado antes de falar e a medir com fita métrica as palavras antes de as escrever ou proferir. Era-se condenado por acreditar na existência das coisas. Os opressores traficavam divisas, alvarás e influências. Os oprimidos contrabandeavam palavras-senhas de aviso, imagens-códigos de solidariedade, sons-para-a alvorada da resistência. A inteligência de várias gerações foi metódica e deliberadamente metralhada por esta organização das trevas, enquanto se marketingavam cartazes de sol para os turistas. Se o Ministério da Educação segregava do ensino milhares de pessoas "salvando-as" da alfabetização (eutanásia cultural), a CENSURA encarregava-se de filtrar, sanitarizar os alfabetizados. A CENSURA era um preservativo do "velho regime"...

... A tacanhez, a mediocridade, o rinocerontismo, não eram traços especificos, exclusivos dos CENSORES, mas da essência reactiva do corporativismo. Eles sentiam-se felizes por serem estupidos e ambicionavam moldar o País à sua imagem e semelhança. A cretinice era um principio sagrado para se "vencer na vida"...
... Através de diversa policias, o sistema controlava os movimentos fisicos da população. A função da CENSURA como vigilia e guarda-chuva de grupos dominantes e poligno de agressões psicossensoriais da colectividade. A CENSURA é equiparável à PIDE/DGS como suporte de um regime hoje contitucionalmente adjectivado de criminoso, a CENSURA é ré dos actos que praticou: colonização cerebral, domesticação das vontades, apartheid do conhecimento, privação do saber, mentira premeditada, terrorismo intelectual...

P.S: Texto retirado do Livro intitulado "Os Segredos da Censura - Cêsar Principe - 1979

1 comentário:

amor de uma mae disse...

censura no carnaval
nos livros...
depois a seguir o que será?
a musica a poesia...
e voltamos ao tempo antigo
aliás já estamos só de uma forma mais disfarçada.
Uma vergonha.