sábado, 19 de abril de 2008

Gêres






Conheci o PNPGêres nos já longinquos anos 70, era na altura miudo, assim como meus irmãos.
Todos os anos íamos acampar com os meus falecidos pais para o Parque Campismo do Académico do Porto, clube do qual meu pai era sócio e que ficava junto á sua "Casa Abrigo" na Mata de Albergaria, hoje actualmente em ruinas, assim como todas as habitações que pertenceram aos guardas florestais.
Á data a estrada que subia para a Mata da Albergaria uns kilometros após a Vila do Gêres passava a terra batida e era da praxe a malta pedir aos meus pais para parar junto á "Cerca dos Lobos" para ver estes belos animais que nessa época se encontravam fechados num cercado.
Anos ouve em que meu pai para evitar esta longa subida onde a Citroen Ami-6 Break cheia como um ovo com o material de campismo, não se portava muito bem, optava por logo cá em baixo seguir em direcção ao santuário de S. Bento da Porta Aberta para depois subir em direcção ao Campo de S. João e assim apanhar a estrada junto á Barragem de Vilarinho de Furnas (Geira-Romana), para dessa forma chegar aos Viveiros das Trutas e depois cortar á esquerda para a Casa Abrigo do Académico do Porto.
Eram dias magnificos passados em alegria, onde, se partilhava a entre-ajuda, camaradagem, companheirismo e verdadeiro espirito campista.



Recordo as noites de "fogo-de-campo" e as cantigas ao som da viola á volta da fogueira.
Recordo a "alvorada" tocada num corno logo pela manhã, chamando os companheiros mais velhos para jornadas épicas a locais hoje sobejamente conhecidos por muitos: "Prados Teixeira", "Pedra Bela", "Minas dos Carris", "Calcedónia", "Cascatas do Arado", etc, á data caminhadas só conseguidas por caminheiros experientes e conhecedores dos trilhos do PNPGêres, e que aprendi a respeitar e escutar nas longas noites de fogo de campo junto a meus pais.
Recordo o aroma das plantas, a frescura das suas águas, o silêncio da Natureza, e de cada vez que vou ao PNPGêres relembro todos os banhos tomados nas águas límpidas do Rio Homem.







Talvez por todas essas vivências nunca me afastei demasiado do PNPGêres e hoje já na casa do 40 recordo a minha infância/adolescência vivida com a minha familia neste magnifico lugar.
Tento mostar aos meus sobrinhos a beleza do PNPGêres pois eles são a geração futura que tem o dever de preservar esta jóia da Natureza, e muitas são as vezes que os convido para umas caminhadas.
Porque um amor de infância nunca se esquece, também eu nunca esqueci este lugar unico em Portugal e que me marcou positivamente.
Hoje percorro os trilhos do PNPGêres com a mesma alegria de outros tempos, sem saudosismo, sem nostalgias, mas na certeza de que muito está por fazer para preservar este magnifico lugar, a começar pelas consciências e pelas atitudes de quem hoje visita este lugar.

Repeitem o PNPGêres a Natureza agradece !!!

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