terça-feira, 25 de setembro de 2012

DEMOCRACIA E RESPONSABILIDADES

Este artigo está excelente e por isso tomei a liberdade de o copiar e publicar, só para alertar as pessoas dos perigos que estão aí à espreita...
 
É já um lugar-comum que os promotores de sondagens perguntem aos inquiridos se estão contentes com a democracia. Como (quase) ninguém pode estar satisfeito com a situação do país, em resultado da desgraçada governação a que temos sido submetidos, a resposta mais óbvia é que, não. A conclusão invariavelmente extraída é que a maioria dos portugueses não está satisfeita com a democracia. Logo, concluirão alguns, a maioria dos portugueses é contra a democracia, e prefere um regime autoritário. Nada de mais errado e mais perverso. Não seria mais honesto, se em vez de perguntar aos portugueses se estão satisfeitos com a democracia, se perguntassem se estão satisfeitos com os governos (PS,PSD e CDS) que têm governado o país quase há 40 anos? A culpa da situação desgraçada a que o país chegou é da democracia ou é de políticas anti-democráticas? A culpabilização da democracia não tem nada de inocente. Trata-se de tentar criar a ideia de que em democracia não há alternativa que não seja esta desgraça de alternância entre o PS, o PSD e o CDS, e que quando estas soluções se revelem insustentáveis, seja inviabilizada uma solução democrática, se necessário, com recurso a soluções autoritárias que os portugueses, supostamente, desejariam. Trata-se, por outro lado, de alijar responsabilidades. Se a culpa é da democracia, ninguém é responsável. Nem os governantes, nem aqueles que, por opções erradas, os colocaram no poder. O que Portugal precisa é de mais, e não de menos, democracia. A superação da crise passa pela responsabilização de todos. De quem governa e de quem tem a responsabilidade de fazer escolhas sobre como e por quem deve o país ser governado. Mas não culpem a democracia do que a democracia não tem culpa.
( António Filipe )

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