Sempre a tua boca
me há-de saber a certeza,
violenta e doce...
também alegria, também tristeza.
O calor da tua carne !
os olhos limpos
também amargurados...
o rosto meigo,
também os braços apertados...
Sempre a tua imagem
me há-de lembrar
um novo mundo descoberto
também amor também coragem...
beber na tua boca o sol deste deserto
e a força no teu peito !
- É esta mão ! - aperta !
sentes correr o sangue ? - sinto !
- apetece-me abrir um braço
depois o outro...
e deixar-te impedir o escoamento
entregar-te tudo e ser feliz assim
afogar depois a minha boca no teu peito
mergulhar na tua carne até ao fim !...
Fernando Augusto Pacheco - in "Canção Obreira" - 1973
sábado, 5 de maio de 2012
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