Respeitosamente, venho falar-lhe de coisas do Porto, por o J. N. (Jornal Noticias) ser do Porto e eu também.
Venho notando, na comunicação social do Porto, o uso de formas de falar que não se harmonizam com a maneira tradicional de se falar no Porto, o que no meu entender, não deveria ser assim, porque não me parece bonito.
Sem ofensa para ninguém, no Porto, um cadeado não é aloquete, como também um guarda-chuva não é um chapéu, nem um desenho é um boneco, nem Félix é Félicsse, nem Narciso é Nárciso, nem cascável é cascavél, nem estive é tive, nem beco é béco, nem perda é pérda, nem sandes é sande, nem cadáver é cadávere, nem têxtil é téstil, nem extra é éstra, nem texto é tésto, nem treze é treuze, nem armazém é àrmazem, nem herói é héroi, nem encarregado é encarregue, nem também é tamém, nem pronto é prontos, nem frio é friu, nem ameeiro é amieiro, nem ameal é amial, nem Filipe é Flipe, nem de noite se dão bons dias, nem há fim da noite sem o dia romper, mas as filas de espera são bichas.
E no Porto, soa mal chamar-se tampa da panela ao testo; frigideira à sertã; pastel ao bolinho de bacalhau; pastelinho ao pastelzinho; florinha à florzinha; feijão verde á vagem; papo-seco ao pão ou molete; o comer à comida; bica ao café ou cimbalino; garoto ao pingo; escorrega ao escorregão; encarnado ao vermelho; casa ao quarto; engomar ao passar a ferro; puto ao menino; miúdo ao catraio; carica à cápsula ou sameira; leite-creme ao creme; filhoses às filhós; peros às maçãs; jogar à bola em vez de "jogar a bola"; beber café em vez de "tomar café"; de quando em vez, em vez de "de vez em quando"; desculpe lá em vez de "desculpe" e diga em vez de "faz favor de dizer".
Nota: Texto de; Gonçalo F. F. Sampaio (Jornal Noticias)
Fotos: Henrique Mário Soares - Cidade do Porto.
1 comentário:
Palmilhamos as mesmas calçadas Amigo Henrique.
Abraço
F
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