sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

31 de Janeiro 1891 - A Revolta no Porto

A contribuição da cidade do Porto para a vitória da República, no nosso País, ficou assinalada com o movimento de 31 de Janeiro de 1891.


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
...A semana que se seguiu à entrega do ultimato foi decisiva para a sorte das instituições e para o futuro de Portugal. A profunda e inesperada vibração que aquele provocou no País não foi aproveitada como seria mister. Sem isso diversa seria a sua sorte, sacudidas por um violento abalo sentimental que pôs a descoberto as taras do regime monárquico e os vícios incuráveis de que enfermavam as forças em que se apoiava. Os dirigentes dos partidos monárquicos ficaram surpreendidos e os do partido republicano não estavam preparados para o aproveitar, carrilando-o no sentido da queda da monarquia. As energias latentes na Nação, cuja importância ficara assinalada durante as comemorações camoneanas, não foram utilizadas. E o povo, seu depositário legitímo, não teve, nessa hora crucial, quem lhe guiasse os passos com firmeza e decisão. A carência, compreensível quando consideramos que o partido republicano tinha catorze anos de existência organizada, pagou-a a primeira com um prolongamento da agonia das instituições monárquicas, às quais o malogro do movimento de 31 de Janeiro deu uma moratória de duas décadas, até Outubro de 1910.
O programa desse partido dizia que os republicanos portugueses "esperavam do desenvolvimento, gradual e pacífico, das ideias democráticas nas instituições do nosso País, a sua evolução natural e o estabelecimento da República em Portugal" Os seus chefes eram doutrinadores de um ideal generoso de paz e trabalho, na ordem assegurada pelo funcionamento normal de uma sociedade em franca transformação. Não eram demagogos que quisessem lisonjear paixões ou dementados que se refugiassem na mistica da subversão social. Muito menos eram revolucionários profissionais, habituados à preparação de revoltas populares e golpes militares. Os erros, as arbitrariedades, as violências e os desvarios da monarquia modificaram o curso que entre nós essa vanguarda, eloquente e digna, procurava imprimir aos acontecimentos que, pela sua natureza e projecção, ditavam o destino do País inteiro.Entre a publicação do seu programa, que foi a sua certidão de nascimento, e o choque brutal do ultimato, das fileiras do partido republicano não partiu qualquer convite à insurreição. Esse choque assinalou a viragem hitórica que o transformou em partido revolucionário para, ao fim de vinte anos, impor o triunfo e a consagração das suas ideias com um movimento de essência e indolo popular...
...O Porto "berço das liberdades" não é um lugar comum desprovido de sentido ou conteudo histórico. Corresponde a realidades confirmadas de que os seus cidadãos justamente se ogulham. Foi ali que em 24 de Agosto de 1820, eclodiu a primeira revolução liberal triunfante, à qual tudo aderiu aos gritos de "Queremos Cortes!" que reatavam as tradições da monarquia representativa e democrática. Essa revolução era um grito emancipador, clamado contra o resto da Nação, conservadora e agarrada à monarquia paternalista de que D. João VI foi simbolo durante o seu reinado. Em 1891 o mesmo anseio de originalidade impulsionou os revolucionários generosos e românticos que, na manhã de 31 de Janeiro, se sublevaram para derrubar a monarquia num lance em que esta se identificara com a afronta estrangeira, sem organisar contra ela qualquer resistência viril e coerente. "Na revolta de 31 de Janeiro, escreveu o professor Marques Guedes, vingou um plano de acção militar que era manifestamente inspirado na revolução liberal de 1820". Os seus autores, antes de redimirem a Pátria, prestaram homenagem à cidade heróica que secundara as suas aspirações. Esse erro militar foi pago pelo preço do seu sacrificio e teve a compensação que o tempo e a justiça dos homens lhe conferiram. O valor simbólico da revolta e as suas repercursões, morais, sentimentais e politicas. sobreviveram à episódica derrota que, circunstâncias hoje completamente esclarecidas, provocaram. Nunca mais foi possivel diminui-lo. Sobreviveu a ela e ficou identificado com a cidade onde a causa da República teve então o seu batismo de sangue.
 
 
                
Revolucionários do Porto, honremos os nossos antepassados, contra a corrupção, a impunidade e a subserviência ao poder estrangeiro, REVOLTAI-VOS DE NOVO !
Pátria ou Morte !

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