quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Precariedade Laboral




Manhã de trabalho bem cedo, paro na movimentada confeitaria da zona onde moro para tomar o "cimbalino" da praxe. É um hábito adquirido à muitos anos e sem o qual recuso iniciar o dia.
Enquanto saboreio o "cimbalino" escuto do outro lado do balcão a conversa entre duas funcionários:
  • Diz a mais jovem: Eu não vou ficar !
  • Pergunta a colega: Porquê ?
  • Olha, não querem que assine contrato. Não me pagam o subsidio de natal, nem subsidio de férias, e quando for de férias não recebo ordenado.
  • Responde a colega: Foi por isso que a minha prima não quis vir para cá trabalhar
  • Diz a mais jovem: Mas tu não estás nestas condições pois não ?
  • Responde a colega: Não, nós as funcionárias mais antigas ainda continuámos com os nossos direitos, "eles" (leia-se patrões) só estão a propor isso ás novas funcionarias que contratam.
A miuda encolhe os ombros, leio-lhe no olhar alguma resignação e uma incerteza no que deve fazer. A necessidade de trabalhar talvez a faça repensar a decisão, mas por certo nascerá dentro dela um sentimento de injustiça e revolta.
É isto que os defensores da liberalização do mercado de trabalho pretendem. A possibilidade de terem os trabalhadores na mão, a possibilidade de pôr e dispôr dos trabalhadores a troco de baixos salários e nenhuns direitos. A possibilidade de conseguirem ainda mais lucros, dando em troca precariedade.
Acabo o "cimbalino" açucarado, e saio porta fora com um amargo na boca...          
 

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