segunda-feira, 14 de março de 2011

Não há mal que não acabe

Com rigor há dois mundos neste mundo
Dum lado quem trabalha produz tudo
E que pensa, que cria, que transforma
D`outro quem nada faz e tudo goza
São os dois lados de que é feita a vida
O bairro de lata e a avenida
A negra miséria e a vida faustosa
Nós somos os pobres, somos a ralé
A ferrugem e o sal. Os sempre em pé
Que no barco, no campo e na oficina
Na braza do sol, no negrume da mina
Curvados até à mesa do trabalho
Criamos tudo: pão, remédios, agasalho
Casas para morar, livros para aprender
E ideias de progresso para vencer

Vós sois duma outra massa, sois senhores
Banqueiros, industriais, até doutores
Gente de gosto, de elegância, de preguiça
De prazeres e manias requintadas
Enfim sois do outro mundo, almas penadas,
Pairando ainda pela força da injustiça
Mas a vida de rico o pobre não cobiça
O que nós queremos é coisa bem diferente
E à vista de todos ou pela calada
Forjamos a lâmina afiada
Que a raiz do nosso mal cortará rente
Lutamos com saudades do futuro
Que sabemos mais certo mais seguro
Um mundo novo, um só para toda a gente
Para que a vida se faça por inteiro
Acabe o império do dinheiro
E sejam senhores os que trabalham
Que sofrem, que labutam, que batalham
É este o mundo novo que nós queremos
... E sabemos
Que vós tudo fareis para nos deter
Mas a verdade que todo o povo sabe
É que p`ra vós não há bem que sempre dure
E p`ra nós não há mal que não acabe


in: Vozes na Luta - GAC - Grupo de Acção Cultural

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